A culpa é do tempo.

As pessoas mudam, sabias? Eu mudei também. Não fui eu que escolhi; foi uma mudança inevitável. Acordei cansada num dia, no dia seguinte igual e assim durante vários dias, até que a dada altura acordei cansada de acordar cansada e decidi que não iria voltar a sentir-me assim. O tempo faz isto connosco. Provavelmente não percebes porque não é nas tuas veias que corre este medo e falar sempre foi mais fácil do que fazer, mas quero que saibas que eu não mudei intencionalmente, apenas teve mesmo de ser.
Aqueles dias maus repetiram-se várias vezes. Dormia sem ar. Acordava sufocada. Tinha sonhos estranhos. Era como se eu estivesse num quarto escuro e sem ar, onde não havia nem sequer uma janela por onde eu pudesse escapar. Não havia saídas de emergências e eu precisava incondicionalmente de sair desse quarto. Foi aí que percebi que só mesmo deitando abaixo a parede eu conseguia livrar-me: já não sabia quem eu era e estava tão vazia que qualquer vento podia levar-me.
Eu vejo-te tão perto mas não consigo agarrar a tua mão, não porque não sou capaz, mas porque não quero. As tuas palavras magoam, mas já nem me tocam mais. Já não sei voar e no entanto sinto-me nas nuvens.
Desculpa se a nossa história acabou, mas um de nós tinha de puxar o gatilho.


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